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A Távola redonda, ao redor da qual os cavaleiros do Rei Arthur se reuniam, foi criada com este formato para que não tivesse cabeceira, representando a igualdade de todos os membros.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Espelho inóspito

Capítulo II - O diálogo

Com uma pequena dificuldade eles se entenderam, os dialetos eram um pouco diferentes, mas Mat ainda falava português, mais abreviado e cheio de gírias, porém, ainda compreensível.


Mat iniciou dizendo: "Sei que vai parecer loucura o que vou dizer, mas é a verdade. Meu nome é Mat e venho do futuro, estou aqui porque escolhi você para dar instruções e tentar fazer o futuro do nosso país e quem sabe do mundo melhor, ou pelo menos, menos catastrófico".
-Lucas: Você estava errado, não parece loucura. É loucura!


-Mat: Entendo seu ceticismo, quando me deparo com algo que não conheço também fico assustado. Mas tenho como provar.


-Lucas: Não precisa provar nada, estou vendo que você é doido, agora me deixe ir.
Mat descreveu detalhadamente a ficha de Lucas e no final mencionou que em um evento(jogo de futebol) que estava previsto para aquele dia, ocorreria uma catástrofe nas arquibancadas encerrando abruptamente a partida.
Concomitantemente com o que estava ocorrendo no local onde estavam nossos protagonistas, a família do político acordara dando por falta do patriarca. O tempo passou e ninguém encontrou Lucas, tornando a situação em um caso de desaparecimento, as buscas foram iniciadas.


Mat passou o tempo até o horário do jogo tentando convencer Lucas, dizendo coisas sobre o futuro e sobre a vida do político, que facilmente poderiam ser encontradas na internet, assim argumentou Lucas.
Com o início da partida os dois assistiam atentamente ao evento na televisão de bolso que o viajante do tempo carregava dobrada, quando aos trinta minutos do primeiro tempo para surpresa de Lucas o anel superior direito do estádio desmoronou de forma impressionante, o barulho estrondante chamou a atenção das câmeras, foi um pandemônio, pessoas correndo para todo lado, logo chegaram helicópteros e ambulâncias, mas o mal já acontecera.


Lucas olha perplexo para Mat e diz: "agora você tem minha atenção"
-Mat: Ótimo, porque a decisão que tomei foi muito difícil e já estou infringindo regras desde o momento em  que te vi. Vou te passar instruções e você vai melhorar o nosso Brasil. Te escolhi por sua índole incorruptível, pesquisei sobre sua honestidade e com testes comportamentais de imagens resgatadas, analisei gestos e discursos seus, acho que posso confiar, por favor não desminta meu veredito.


-Lucas: Fico lisonjeado, mas antes de você começar, tenho algumas perguntas,
-Mat: pode perguntar.
-Lucas: Porque você fala diferente de mim? Quer dizer... Eu te entendo, mas você é mesmo Brasileiro?
-Mat: Sou sim, o que aconteceu foi que com o passar do tempo muitas abreviações e praticidades foram incorporadas a nossa língua que já era fruto de misturas étnicas e culturais. Com a globalização isso acelerou, ocorrendo em muitos outros países também. Resumindo, a influência do tempo e de outras culturas modificou o dialeto.
-Lucas: Pensei que fosse algum bandido qualquer, fala como um atual pelo menos. Outra pergunta: Torço pelo fluminense, meu tricolor vai ser campeão de algum título importante no futuro?
-Mat: Venho do futuro e não do mundo encantado de OZ.
Lucas meio consternado, redirecionou a conversa: "o porque de me escolher já está claro, mas o que tem no Brasil a ponto de você cometer as contravenções que você disse cometer"?
-Mat: você acha o país corrupto hoje? sei que você é um político que defende os interesses do povo, mas daqui a 100 anos será muito pior. A tecnologia vai fazer os avanços baterem forte no mundo globalizado, principalmente no ocidente.
-Lucas: Como assim?
-Mat: O oriente médio ficará um pouco estagnado devido a religião extremista e o Brasil com o avanço de alguns segmentos religiosos fundamentalistas, que não vêm ao caso, também partilhará, em algumas esferas, do cálice da ignorância. Mas no geral, sociologicamente falando daremos nossos passos como fizemos antes. O que importa agora é frear algumas más decisões que estão sendo tomadas e que serão cruciais para nosso futuro.
-Lucas: Sei que vivemos em um país que a influência política e os aliados te fazem entrar no jogo de poder para que não seja crucificado. Mesmo que fosse possível fazer alguma diferença e agir pró povo, eu não tenho a mínima ideia de como fazer isso. Pura Utopia.
-Mat: Não é Utopia e existem outros políticos que podem te ajudar, vou dar todas as informações a você, só precisa usar.
-Lucas: Vamos dizer que eu faça, o que garante que isso não piore ainda mais o futuro?
-Mat: Piorar? O Brasil perdeu a Amazônia pra os EUA e mais parte do Norte de brinde, o Nordeste parece uma Somália esquecida por Deus e por nós mesmos; O Sul fala um dialeto tão peculiar que até a economia está dissociada, idéias separatistas do tempo dos farroupilhas estão ganhando força. Restou Sudeste e Centro Oeste, que são o epicentro de constantes intrigas idiotas pela liderança político administrativa. O país está em frangalhos, o povo é, numa área menor que esta atual, o dobro da de hoje, três vezes mais pobre. O sistema de saúde e educacional estão falidos, a ciência e tecnologia é importada de outros países, inclusive profissionais. A única coisa que funciona é o entretenimento; Sistemas de comunicação controlam as massas, apoiados pelos esportes, como o futebol. Os políticos de minha época vendem o país e o deixa a mercê de empresários. O cidadão comum é um cordeirinho na mão dos poderosos, pronto para o abate, sem a menor chance, enfraquecido pela violência e más condições; Trabalha tanto para manter o sistema alimentado por altas taxas de impostos que não tem tempo nem capacidade de pensar. Este pode ser o futuro de seus filhos, netos, do país e das pessoas que você ama e luta pra servir.
-Lucas: Porque você não disse antes? Mas espere aí. isso parece improvável, os americanos são nossos aliados.
-Mat: Isso já os impediu antes de passar a perna em alguém em nome de seus interesses? Analise a história e reflita.
-Lucas: Mas o que eu posso fazer? Isso geraria guerra e não podemos lutar contra eles.
-Mat: Alie-se a futura maior economia do mundo, isso impedirá a guerra, nenhum dos dois ousaria atacar um ao outro.
-Lucas: Quem seriam esses anjos que nos ajudariam?
-Mat: A China!
-Lucas: Você está louco? Seríamos repreendidos antes que as mensagens de conversação chegassem.
-Mat: Pode ser, mas os americanos estariam apenas blefando. Eles já não tem bala na agulha a algum tempo, perderam várias guerras ultimamente e com tantos revezes e crises econômicas você se pergunta que moeda aguentaria isso não é?
-Lucas: Exato!
-Mat: Nenhuma! A moeda deles é sustentada pelo petróleo e essa fonte está quase secando com o aumento populacional do mundo, eles não preverão e não redirecionarão os recursos para outras fontes alternativas, isso fará com que a economia deles entre em pane. Terão pelo menos três moedas mais fortes que a deles no futuro. Sem contar das dívidas deles com a própria China, se eles fizerem a loucura de enfrenta-los, os asiáticos inundam o mercado de dólar e os EUA quebram de vez.
-Lucas: Quer dizer que eles estão apenas fazendo medo em todos? Ludibriando e manipulando para manter as aparências?
-Mat: Huhum, quem não gosta de um status quo quando ele te favorece?
-Lucas: E a respeito da corrupção? como faço pra frear isso?
-Mat: Existem alguns políticos no Senado, na Câmara e Juizes no STF que podem te ajudar a aprovar algumas leis e condenar políticos corruptos, não basta ser crime hediondo, a lei tem que encarcerar. Cada político que citarei tem outros em quem confia e essa influência pode ser benéfica, se possível entre no jogo e ofereça cargos e propinas para aprovar tais leis. Pode ser necessário um passo atrás para dar muitos pra frente, isso pode ser contra seus princípios, mas ainda é melhor que o futuro que nos reserva.
A lista com os nomes foi passada e algumas instruções mais sobre reformas tributária, agrária e educacional, para que Lucas transformasse o país em uma  nação de esperanças, ele ouviu atentamente e prontamente disse que seguiria tudo a risca. Passaram horas traçando estratégias de como traçar estratégias com os contemporâneos de Lucas...
Antes de se despedirem Lucas fez mais uma pergunta: "Poque seu nome é Mat? isso não é americano de mais"?
-Mat: "Que ironia não"? Afinal a "americanização" não influenciará apenas a alimentação. 
Libertou o novo amigo e ao falar isso, piscou para Lucas como um sinal de que contava com ele, foi para trás de uma parede, onde acionou o dispositivo, voltando pra casa.

Continua...

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